29.7.10

Escolhas


O que ela mais temia estava para acontecer.

O momento da despedida era tão dolorido quanto a morte para ela. Por isso ela não foi ver sua partida.

Ela não queria dizer adeus. Não para ele.

Era cedo demais para terminar uma história que sequer havia começado a ser escrita.

Ela bem que tentou falar, mas as palavras não saíram. Ela procurou desesperadamente por saídas. Não as encontrou.

Tentou se esconder, tentou se convencer de que não precisava ir. Mas os fatos e as circunstâncias a empurrava e a obrigava a seguir o seu próprio destino. Obrigava-a a seguir sua vida sem ele. Mas mesmo assim ela lutava com todas as suas forças contra aquilo, pois realmente não queria ir.

Tinha muito medo de acordar e ver que aquilo não fora apenas um pesadelo e sim que tudo que estava perturbando-a teria feito dela uma eterna condenada, e talvez a vida estivesse sendo justa. Mesmo fazendo-a sofrer. Ela teria de fazer esse sacrifício. Não haveria mais volta.

Ela tentou ficar. Não adiantou.

O peso na consciência a venceu. O seu noivo a esperava no altar. Não poderia decepcioná-lo também.

Ele não merecia ser abandonado. Ela também o amava, mas não como amava ao outro. O que estava se mudando para um lugar muito distante. O que estava para partir seu pobre coração em mil pedaços.

Ela sabia que tudo que estava acontecendo era por sua própria culpa. Ela era a única culpada. Não teria deixado outra alternativa para ele a não ser fugir daquele lugar e ir se refugiar longe dali. Onde não houvesse lembranças capazes de fazê-lo sofrer mais do que já estava.

Sim, ele com certeza estaria sofrendo. Sofrendo por causa dela. E ela se perguntava se era digna de todo esse sofrimento.

O relógio fazia com que os segundos passassem depressa, os minutos corressem e as horas voassem. Ela já estaria atrasada? Já estaria ela sozinha, condenada para sempre por sua própria escolha errada?

Não poderia se demorar mais. Correu e pegou o primeiro táxi que apareceu. A Igreja já deveria estar cheia. Os convidados impacientes e seu noivo nada menos do que uma pilha de nervos.

Porém ela foi em direção ao lado oposto. Ela corria e trombava em todos que estavam pelo caminho e ela desejava não ter chegado tarde demais.

Uma noiva descabelada, com a maquiagem toda borrada por lágrimas ia correndo, desesperada pelo saguão do aeroporto.

Ela chamou a atenção de todos, inclusive dos policiais que correram atrás dela.

Enfim, entrou na sala de embarque e gritou pelo nome de seu amado.

Pediu para que ele não partisse pois seu coração não era mais dela no momento em que o conheceu.

Ele sorriu e correu para os braços dela. Se abraçaram e se beijaram ali mesmo. Todos aplaudiram e os policiais desistiram de algemá-la. Ao fundo o avião decolou. E para alegria dela, havia decolado sem ele.

Ela ainda não acreditava que havia dado tempo de voltar atrás. Que havia dado tempo de recuperar sua verdadeira razão de viver.

Apesar de tudo, ela seria muito grata a isso e jamais esqueceria daquele dia e daquele momento.
P.S.: Fiz um post menos triste dedicado a Náh Canhedo. =)

Um comentário:

  1. nusa amiga sinceramente me fez chorar,adorei obrigada pela dedicatória.eu amo voc baixinhaaa.beijos'

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